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domingo, 3 de março de 2013

Ídolo do Flamengo, Zico fala de sua passagem como dirigente do clube




Galinho lembra dificuldades de assumir trabalho no meio do caminho e cita a procura por treinador antes de acerto com Silas




Alexandre Araújo e Thiago Bokel

Zico reencontrou Patricia Amorim em eleição, no ano passado - (Foto: Alexandre Loureiro)

Ídolo do Flamengo, Zico renovou as esperanças dos rubro-negros ao voltar ao clube como diretor executivo de futebol em 2010, durante a gestão da ex-presidente Patricia Amorim. Porém, pouco mais de quatro meses depois, deixou a Gávea após problemas com membros da diretoria, o que gerou inúmeros protestos dos torcedores, que gritaram a favor do ex-jogador.

Ao LANCE!Net, o Galinho, ao falar sobre suas experiências após a aposentadoria, citou sobre essa vivência. O ex-camisa 10 lembrou a dificuldade de se assumir o cargo em um trabalho já iniciado e os obstáculos que teve de enfrentar naquele período. Além disso, recordou que o atacante colombiano Cristian Borja não havia chegado para o elenco profissional.

- O período no Flamengo não deu nem para fazer nenhuma avaliação. Você trabalha com quem pode te dar um respaldo, um apoio... Aconteceram aqueles problemas todos. Em cima (time profissional), chegamos lá e não tinha atacante. Tínhamos um atacante que era o Dennis Marques, que também sumiu. Na época que eu entrei saiu Adriano, Vagner Love, Paulo Sérgio estava treinando separadamente e estava jogando Vinicius Pacheco no ataque. Foi embora o (Bruno) Mezenga também. Virei: “Rogério (Lourenço, ex-treinador), como é que vai ser?”. Jogou o Paulo Sérgio, que fez gol contra o Botafogo. E veio algumas coisas que tiveram de ser imediatas, como foi o caso do Val Baiano. O Borja não veio para o profissional, veio para o aspirante. Ia ter um campeonato Sub-23 e ele veio para jogar nesse. Nosso objetivo era colocar muita gente que não estava jogando. O Paulo Sérgio fez o gol contra o Botafogo, entrou cheio de moral... Não entendi quando o Rogério, no jogo contra o Atlético-PR, colocou o Borja ao invés de colocar o Paulo Sérgio (risos). Já o Leandro Amaral foi uma coisa em conjunto, não colocamos ele. Ele ficou um mês aqui (CFZ), fazendo teste toda semana com Paulo Figueredo. Não houve nenhuma interferência da minha parte. Quando os médicos deram aval, acertamos. Infelizmente, na hora que ele tinha para fazer o gol, não fez. Mesma coisa o Borja, dribla um, dois, três e não faz o gol (risos). Um gol muda a confiança, tudo. Foi uma coisa que foi difícil. Pegar trem andando não é mole - disse Zico, que ainda completou:

Zico demonstra mágoa com antiga gestão do Flamengo

- E outra coisa: você ia querer um atacante, pediam os "olhos da cara". Sabiam que o Flamengo estava precisando. Veio Deivid, veio o Diogo. Diogo, no terceiro jogo dele, estava indo para Campinas, pela primeira vez encontrei o Mano Menezes. O Mano Menezes vira para mim e fala: “Poxa, você trouxe ele antes de mim, hein”. “O que que foi, Mano?” “Eestou de olho nesse Diogo para trazer aqui para a Seleção, fazer um teste”. O cara com 12 minutos torce o tornozelo, tem uma fissura... Aí complica! Às vezes, você pensa em uma coisa e dá errado.

Zico falou ainda sobre a ética entre os clubes e garantiu que não conseguiria "roubar" profissionais com vínculo com outras instituições, ao afirmar que não se encaixaria neste perfil de diretor. O Galinho revelou ainda que, antes de contratar Silas para ser o treinador do time rubro-negro, havia entrado em contato com Parreira, Felipão e em sua lista ainda havia nomes como Dorival Júnior e Renato Gaúcho.

- Quando se assume algo novo, sem vício, sem problema, você monta a sua coisa. Aí você é responsável. Não dá para fazer um julgamento neste sentido. Eu senti uma coisa: não posso ser este tipo de diretor de futebol porque, por exemplo, você vai tirar um treinador, eu não sei pegar o melhor com ele empregado em outro clube, vou tratar com o cara que está desempregado. Eu não gostaria que alguém tirasse o meu técnico. Isso é questão de ética. 'Nego' vai aí, faz proposta e tira na cara dura. Eu não sei fazer isso. Parreira não aceitou, que era o primeiro. Pediu 24 horas para pensar, achava que naquele momento ele seria um cara importante, mas não quis mais ser técnico. Felipão, por causa de um furo de reportagem de alguém, não veio para o Flamengo, com tudo acertado. Esses dois não vieram. Dorival foi para o Atlético-MG, Renato Gaúcho a mesma coisa, uma semana antes tinha ido para o Grêmio. Então, de todos que eu olhei, vi pelo trabalho e tentei o Silas. Não deu certo, paciência. Foi uma Aposta. Acho que em quatro meses não dá para avaliar ninguém. Sabia que era remediar, lutar para não cair e estruturar para o ano seguinte.

Por outro lado, Zico se mostra orgulhoso de, mesmo em pouco tempo, sua passagem como dirigente do Flamengo ter frutos. Ele lembra que levou quatro profissionais para as categorias de base do clube e, pouco depois, uma geração promissora surgiu.

- As únicas quatro pessoas que levei para o Flamengo foram os três membros da comissão técnica do juvenil e coordenador da parte mirim, que é o cara que mais conhece jogadores, ajudou a revelar Pedrinho, Felipe e tantos outros mais no futsal, o Robson, que trabalhava aqui com a gente (CFZ). Levei ele para trabalhar a parte infantil/mirim. E o Vanucci, William e Marcio, que eram os técnicos juvenil. O Flamengo ganhou invicto e foi a melhor geração. Geração que revelou Rafinha, Thomás, Lorran, Adryan, Muralha, Romário, Matheus, Digão... Depois de muitos anos o Flamengo revelou oito, nove jogadores que hoje tem capacidade de jogar no time. A gente fica feliz com isso.

Zico pediu demissão após desavenças com o Conselho Fiscal do clube. Leonardo Ribeiro, conhecido como Capitão Léo, presidente da pasta, havia feito insinuado que parceria entre Flamengo e CFZ prejudicaria o Rubro-Negro.



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